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((((* "O QUE VEM SEMPRE ESTEVE AQUI, A PAZ ESTA DENTRO DE TI E SO VOCE PODE TOCALA, SER A PAZ SHANTINILAYA, NADA EXTERNO LHE MOSTRARA O QUE TU ES. NADA MORRE POR QUE NADA NASCEU, NADA SE DESLOCA PORQUE NADA PODE SE DESLOCAR VOCE SEMPRE ESTEVE NO CENTRO, NUNCA SE MOVEU , O SILÊNCIO DO MENTAL PERMITE QUE VOCÊ OUÇA TODAS AS RESPOSTAS" *)))): "ESSÊNCIAIS" "COLETÃNEAS " "HIERARQUIA" "PROTOCÓLOS" "VÍDEOS" "SUPER UNIVERSOS" "A ORIGEM" "SÉRIES" .

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A VOLTA DE AMI O MENINO DAS ESTRELAS LIVRO 2 & 3- CAPITULO 4, 5 & 6

A volta de Emi livro 2 & 3- capitulo 4, 5 & 6

Esta parte do livro foi enviada generosamente pelo irmao semente estelar Marcelo Anzolin
COM AMOR SEM FIM RICARDO MÚ.

A Volta de Ami








"Graças te dou a ti, Pai,
Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas coisas
aos sábios e entendidos,
e as revelaste aos pequeninos."
(Mateus 11,25)




Capítulo 4
Uma Dança Cósmica

A nave vibrou. Uma luz amarela muito forte inundou a sala de comando. De amarela, passou a cor-de-rosa, a violeta; depois, a um belo azul-claro e, finalmente, a um branco deslumbrante. De repente, apagou-se deixando a sala iluminada somente por belos e movediços reflexos, provenientes do exterior.

-Observem pelas janelas.

Levantamo-nos e fomos ver. O espetáculo arrepiava os cabelos. Era maravilhoso! Uma quantidade enorme de estrelas coloridas esparramava-se por todo o firmamento. Cada partícula luminosa deslizava lentamente... Dava a impressão de espirais de fumaça colorida, luminescentes. Estrelas, cometas, sóis e planetas. Nuvens coloridas semelhantes a algodão doce. Fios resplandecentes esticando-se, formando ondas, dissolvendo-se...

A gigantesca espiral fazia-se cada vez maior. Espalhava-se como se tivesse vida...
Alguns pontos produziram fugazes explosões de luz como lantejoulas.
-Estamos observando o movimento de nossa galáxia, a Via-Láctea. Agora, vamos escutar o som que cada partícula em movimento produz.

Ami tocou um ponto nos comandos. Alguns sons indescritíveis encheram o ambiente. Zumbidos agudos e graves, assovios, roucos trovões que duravam muito tempo. As cintilações fugazes produziam um repicar que me lembrava a lira.
O resultado final era um concerto impressionante.

-Assim é o som da galáxia. Aumentaremos a velocidade.
Levantou suavemente uma tecla que acelerou seu movimento incrivelmente. Esticava... crescia...

Cada vez mais me parecia que a galáxia era um ser vivo, consciente, um ser que dançava, uma cintilante medusa cósmica que estendia luminosos apêndices ao ritmo de sua própria melodia. Quando o movimento aumentou, pude comprovar que o concerto e a dança tinham harmonia e ritmo; uma pulsação, uma cadência, um ir e vir...

-Meu Deus, que maravilha! -exclamou Vinka emocionada. Algumas lágrimas umedeciam seus belos olhos; mais belos e luminosos ainda, com o colorido da galáxia dançante refletido nas suas pupilas banhadas pela cintilação das estrelas...

A voz de Ami expressou sentimentos reverentes:
-Aqui estamos um pouco mais perto da perspectiva de Deus. No entanto, Ele desfruta de todas as galáxias dançando ao mesmo tempo. Não contempla de fora, como nós neste momento. É Ele quem dança transformado em milhões e milhões de cúmulos estrelares... Mais ainda: Ele contempla do interior de cada ser, desde os mais gigantescos, como uma galáxia, até os mais ínfimos como nós ou os que são ainda menores. Por amor, compartilha seu maravilhoso Espírito com todas as suas criaturas.
Diante do surpreendente espetáculo, Vinka irrompeu em um emocionado choro. Eu, com um nó na garganta, encontrava-me num estado semelhante.
Quis dar-lhe meu apoio. Abracei-a. Ela colocou sua cabeça no meu ombro. Senti seu perfume suave. Acariciei seu cabelo enfeitado com a linda borboleta de pano amarelo...

-Suficiente por hoje -interrompeu Ami-. Nada é bom em excesso, nem mesmo a beleza. Venham. -Levou-nos pelo braço aos assentos laterais. Não foi fácil soltar Vinka... que estava acontecendo comigo?

Sentado, enquanto as intensas luzes iluminavam novamente a sala, perguntava-me se Ami seria capaz de mostrar outra coisa que pudesse impressionar-me tanto. Depois daquilo -pensei- tudo será pálido e frio.

-Nada é frio quando existe amor no coração -disse Ami-. Olhem para fora.
Estávamos novamente sobre o balneário. Tudo continuava do mesmo jeito: as pedras, a barraca, as luzes, a lua. Isso me decepcionou.
-Ir tão longe, fora da galáxia e voltar ao mesmo lugar... Gostaria de ter ido visitar mundos distantes...
Ami sorriu.
-Não fomos a nenhum lugar. Sempre estivemos aqui.
-Ma eu vi a galáxia estando fora dela!
-Vocês viram apenas uma projeção computadorizada de muitos bilhões de anos de movimento, numa visão muito acelerada.
-Mas as estrelas aí, detrás das janelas!...
-Os vidros de nossas naves também servem como telas onde se projetam ou se induzem visões. É parecido a um filme, mas é um sistema hiper-real, tridimensional. É impossível, para vocês, perceber a diferênça entre uma visão gravada e uma visão da realidade. Vejam.
Ami mexeu nos controles. No mesmo momento, o panorama mudou. A noite se fez dia. O sol começava a desaparecer no mar próximo dali. Surgiu um bosque. O lugar me parecia conhecido...
-Observe bem, Pedrinho.
Pude ver um homem que se aproximava de uma floresta.
-É o caçador! -exclamei com surpresa.
Na minha viagem anterior, havíamos estado no Alaska. Fomos com a finalidade de sermos avistados por aquele caçador, segundo as instruções do "computador gigante", localizado no centro da galáxia, que se encarrega de coordenar os movimentos de todas as naves dos mundos civilizados.
Naquela ocasião, o homem tinha se assustado muito ao ver o nosso "ovni" e mirou-nos com sua arma. Agora, estava acontecendo a mesma coisa.
-É uma gravação. Tudo o que aparece atrás de nossas janélas é gravado. Depois, voltamos a imagem m qualquer momento e a vemos com a mesma nitidez.

Parecia-me impossível que aquilo fosse uma gravação de vídeo: as árvores e o homem estavam ali, ali. Isso tinha acontecido há quase dois anos...

Quando o homem apontou-nos a sua arma, do mesmo jeito que antes, senti o impulso de me esconder, mas me cintive. Vinka, ao contrário, correu e escondeu-se atrás de uma poltrona. Ami e eu rimos.
-É uma gravação, Vinka. Observem. Manipulou os controles. Novamente apareceu a praia, à noite. Logo depois, estávamos de volta ao Alaska. Desta vez, o caçador ainda não nos havia visto. Vinha descendo imocente pelo caminho. Logo nos descobriria e tentaria atacar-nos.
-Agora veremos ao contrário. -O homem caminhava para trás...
-Venha ver, Vinka. Isso é muito engraçado.
Ela veio observar o nosso amigo brincando com a imagem do caçador.
-Como podemos saber se uma imagem é real ou se é uma gravação? -perguntei.
-Os seres vivos emitem forças que percebemos com o sentido, as gravações não.

Voltamos para a praia, mas dessa vez ainda não era noite...
-Observe, Pedrinho -recomendou Ami. Olhei e quase caí de costas: ali estava eu! Descendo do carro de Victor. Era visível a minha felicidade. O que mais me surpreendeu foi que, olhei para o "ovni" e, mesmo assim, não vi nada...
-É lógico que viu, mas com o sentido que você está desenvolvendo. A invisibilidade de nossas naves não funciona para este poder interno...
Ami fez aparecer novamente a galáxia dançante.
-Se nós temos pequenos poderes, imaginem então os deste ser maravilhoso que está nos observando.
Vinka pareceu comfundir-se.
-Uma galáxia não é um ser.
-O que é, então? -perguntou Ami, com um sorriso.
-É uma coisa, um conjunto de estrelas, mas não tem vida.
-Não tem vida! -repetiu, como quem acabava de escutar uma barbaridade-. Se uma célula de seu fígado pudesse sair e vê-lo segundo suas medidas de tempo, diria que você é uma massa inerte, algo estranho, sem membrana celular, sem núcleo. Compreende?
-Acho que sim. E então...?
-Então, a galáxia é um enorme ser do qual somos partes microscópicas. Um ser infinitamente mais consciente e inteligente que nós.
Aquilo me pareceu absurdo.
-Inteligente?!
-A mesma surpresa demonstraria uma célula da unha de seu dedinho mindinho, se outra célula dissesse que você é inteligente. Você, essa massa morta, que vive unicamente para dar origem à "máxima criação do universo": a célula da unha do dedinho da mão direita de Pedrinho.

Acho que não compreendi a explicação, mas a risada de Ami era contagiosa. Ele começou a mostrar para Vinka algumas cenas de nossa viagem a Ofir. Quando apareceu o lugar onde as pessoas projetavam a sua imaginação nas telas, ela manifestou sua admiração.
-Vocês têm um nível científico e alguns conhecimentos impressionantes!
-Comparados com os de seus mundos, pode ser. Mas interessa-nos muito mais o nosso nível espiritual. Isto é o essencial. O resto é somente um meio e não um fim. Utilizamos a ciência para dar uma maior satisfação às pessoas, mas não nos esquecemos de que a felicidade vem do mundo espiritual. Pode-se ganhar o mundo inteiro, dominar os grandes conhecimentos tecnológicos mas, se existe ignorância a respeito das coisas do espírito e, se não existe amor, sua vida será mais miserável que a de um mendigo.
-Por quê?
-Porque o amor é a fonte da felicidade.
-Você tem razão, Ami -disse Vinka, olhando-me rapidamente. Em seguida, desviou os olhos com certo rubor. Ele captou a situação e riu.
-Não se trata somente de romance. Trata-se de viver em amor, de amar a vida, a natureza, o ar que se respira. Amar ao criador por dar-nos a maravilhosa oportunidade de existir, amar a todas as pessoas, a todas as manifestações de vida.

Enquanto Ami falava, eu sentia que ele tinha toda a razão.
-Quando se possui o dom de amar, a felicidade está sempre presente, ainda que tenhamos poucos bens materiais. Se buscamos somente amor, obteremos, por acréscimo, todas as coisas. Mas, se desejamos somente bens materiais, talvez os consigamos, mas não ambos ao mesmo tempo, porque a felicidade é o fruto do amor.
Vinka parecia haver compreendido.
-A felicidade se compra com amor.
Ami, com alegria no olhar, disse:
-Você tem razão. De tanto amar, ganha-se a felicidade.
-E o amor? Com que se compra o amor? -perguntei.
-Boa pergunta. Você sabe a resposta, Vinka? Sabe como se obtém amor? Sabe qual é o preço do amor?
-Acho que não é algo material.
-Claro que não. O ouro não se compra com lata. Vamos conhecer uma pessoa interessante. Habita em seu mundo, em Kia. Essa pessoa pode responder como se obtém amor.
-Vivaaaa! -manifestei entusiasmo. Não pelo fato de saber como obter amor e, sim, porque ia conhecer um mundo incivilizado... Pensando nisso, uma dúvida passou por minha cabeça.
-Ami, como vou saber se o que verei é realidade ou gravação? Talvez tudo o que vi em Ofir tenha sido uma gravação...
-Sempre tão cheio de confiança e fé, hem? -caçoou Ami.
Senti vergonha.
-É que...
-Aprenda a ter fé, Pedrinho. O que você viu em Ofir foi realidade e, também, o que verá em breve. Deveria confiar mais em mim. Não costumo mentir.
-Nunca? -Vinka se interessou.
Ami procurou a melhor maneira de explicar algo complicado.

-Bem, às vezes, não é conveniente mostrar muita luz a alguém que está acostumado à escuridão... poderia ofuscar-se, cegar-se. Outras vezes, não é benéfico mostrar escuridão demais para quem vive acostumado à luz... poderia morrer de horror.
Dissemos que não compreendíamos bem.
-Excesso de escuridão ou de luz impede de ver. Algumas vezes é conveniente contar às crianças que a cegonha...
-O que é a cegonha? -perguntou Vinka.
-Aquela que traz os bebês de Lutis, segundo a tradição de Kia.
-Ah, mas isso é uma boba...
-...Mais adiante, falaremos de uma sementinha na barriga. Somente quando a criança é um pouco maior é que poderemos explicar-lhe isso claramente.
Quis aproveitar a oportunidade para tirar algumas dúvidas.
-É melhor você explicar agora. Faço uma verdadeira confusão com essas coisas.
Vinka se entusiasmou.
-Eu também!
Ami ria até as lágrimas e nos contagiou.
-Tudo a seu tempo -disse, por fim, nosso amigo-. Tudo na sua hora e na sua idade. Para compreender álgebra, é preciso saber somar e subtrair.
-Nós sabemos somar e subtrair -manifestou Vinka, um pouco ofendida.
Ami se divertia mais ainda.
-Não estou me referindo a essas somas e subtrações. -Olhou para cima, procurando um exemplo-. Vejamos deste modo então: para compreender a teoria da espiralidade das repercussões multidimencionais dos acontecimentos, é preciso compreender a teoria da relatividade... em que pé estão seus conhecimentos sobre esse tema? -perguntou, observando-nos muito interessado.

Vinka e eu nos olhamos. Nossas caras pareciam um grande sinal de interrogação. Nós três começamos a rir.

Capítulo 5
O Principal defeito

Na viagem anterior, Ami disse que a sua nave não "viajava" pelo espaço a uma velocidade "tão lenta" como a da luz. Explicou-me que essas naves simplesmente "se situam", quer dizer, aparecem rapidamente onde elas querem, por meio de um sistema complicado relacionado com a "contração e a curvatura do espaço-tempo". Quando estávamos nos "situando", as estrelas pareciam esticar-se, depois se via uma neblina movediça por trás dos vidros. Era exatamente isso o que estava acontecendo agora, enquanto nos dirigíamos para Kia e eu pensava no que Ami tinha dito a respeito de não mostrar muita luz para quem não está acostumado a ela.
-Pude compreender isso -disse, sabendo que ele lia meus pensamentos- mas não mostrar escuridão a quem está acostumado á luz...
Vinka interferiu, causando-me grande surpresa:
-Poderia morrer de espanto.
-Você, você compreende o sentido disso?
-Não.
-Então?...
-Simplesmente me lembrei das palavras de Ami. Ele disse isso. O que você quis dizer com isso, Ami?
-Que, se uma pessoa não conhece certas misérias da vida, é melhor não mostrá-las de repente, só gradualmente. A visão de um cadáver, por exemplo.
-Bem, isso não é tão terrível -disse Vinka, mostrando-se valente.
-E em decomposição?
-Que horror!... Agora compreendo.
-Também me refiro à escuridão interna...
Algumas vezes Ami era enervante.
-Deixe já de mistérios e explique-se melhor, por favor.
-Bom, muitas pessos têm uma magnífica opinião de si mesmas. Não são capazes de ver em si certos defeitos. Algumas vezes eles são graves. Acontece que os defeitos que não vemos em nós são justamente os que mais culpamos nos outros. Se, de repente, mostram-nos esses defeitos, podemos morrer por causa do impacto... Vocês conhecem a história do anão disforme que era feliz pensando que era lindo?
-Não.
-Ele nunca se tinha olhado no espelho. A primeira vez que o fez, começou sua tragédia... compreendem?
Desta vez dissemos que sim.
-O ego, essa parte de nós, que nos afasta do amor, tem uma coluna de apoio, uma raiz que lhe dá firmeza.
-Qual é essa raiz?
-Nosso principal defeito. Todos temos um defeito que é o principal mas, do mesmo jeito que as raízes de uma árvore, está escondido. Não nos é fácil reconhecê-lo. É mais fácil que os outros o descubram. Entretanto, se nos é mostrado de repente, pode acontecer a mesma coisa que ocorreu ao anão que pensava que era lindo. Se nosso pobre ego ficar sem apoio, sem raiz, simplesmente podemos morrer...
Não era o que eu achava.
-Pensava que seríamos felizes sem ego...
-Sim, mas não se pode tirar de repente o salva-vidas de quem não sabe nadar...
-Já começou com seus mistérios outra vez. O que você quer dizer?
-Que, em certos níveis de vida, o ego é um protetor, uma espécie de salva-vidas. Se desejamos subir mais alto, devemos deixar esse acessório de lado e aprender a nadar. Sempre chegará o momento em que é preciso escolher: uma coisa ou outra...
-Que significa, nesse caso, "aprender a nadar"?
-Significa desenvolver-se na vida, conforme as leis universais. Se vivessem em amor, não necessiteriam de mais nada, mas vocês nem sequer sabem como obtê-lo. Por isso vamos a Kia.
Perguntei se ele conhecia meu principal defeito.
-Claro que sim -respondeu rindo-. É mais feio do que uma mambacha.
-Uma o quê?
-Mambacha... uma espécie muito feia de um mundo pré-histórico.
Vinka pensou muito antes de perguntar:
-E eu, também tenho um defeito bestial?
-Principal -corrigiu Ami, entre sorrisos-. Claro. Se você não tivesse um defeito tão feio como uma chalaça -este é outro bicho daquele mundo-, não estaria numa missão em Kia...
-Eu? Em missão? Que missão, Ami?
-Qual é meu principal defeito, Ami? -perguntei, ao mesmo tempo.
O menino das estrelas soltou uma risada suave como a gargalhada de um neném.
-Vamos por partes. Não posso responder duas perguntas ao mesmo tempo. Primeiro, o defeito. Depois, as missões que cada um de vocês realiza em seus respectivos planetas...
-Missão? Eu? Qual missão, Ami?
-Agora são três perguntas -ria-. Não posso lhes dizer quais são seus principais defeitos, porque não estão preparados para suportar essa feia e inesperada verdade. Não posso deixá-los sem "salva-vidas". Apesar disso, devo ir mostrando gradativamente os seus principais defeitos, porque não estão preparados para suportar essa feia e inesperada verdade. Não posso deixä-los sem "salva-vidas". Apesar disso, devo ir mostrando gradativamente os seus defeitos secundários, derivados do principal. Este é um trabalho muito delicado e doloroso para nós três. Há pouco tempo, mostrei-lhe algo feio de você mesmo. Não é verdade, Pedrinho?
-Ah, "a calúnia" -eu disse irritado, lembrando-me das acusações de Ami. Ele riu novamente.
-A reação de autoproteção é sempre a mesma: "calúnia", "maldade", "ofensa", "acusação", mas o golpe já foi dado. A conciência viu e produziu-se, desse modo, uma rachadura na rama do ego. Pouco a pouco, um defeito secundário acaba sendo superado. Uma vez que o vemos e o aceitamos, já podemos lutar contra ele... algumas vezes, essa aceitação demora um pouquinho -disse, olhando-me. Assim, vamos nos aproximando do defeito principal e, ao mesmo tempo, "aprendendo a nadar".
-E agora, essa coisa de missão -disse Vinka impaciente.
Não compreendi muito bem o que Ami disse a respeito dos meus defeitos e do meu ego, mas intuí que ele continuava a me ofender. Não gostei daqui-lo.
-O que eu disse aplica-se a todas as pessoas e não, única e exclusivamente, a Pedrinho. -Havia captado meu pensamento e achou engraçado.
Vinka não se dava por vencida.
-E agora, a missão... qual é a missão que nós temos, Ami?
-Você escreveu o livro como lhe pedi, não é verdade?
-Sim -respondemos tanto Vinka como eu.
-O quê? Você também? -dissemos ao mesmo tempo.
-Os dois escreveram um livro que relata seus respectivos encontros comigo -informou Ami, achando engraçada a nossa surpresa.
Olhei para Vinka com curiosidade.
-Qual é o título do seu?
-"Ami, o Menino das Estrelas" -respondeu.
-Isto é plágio! -exclamei muito irritado. Ami, como sempre, estava morrendo de rir.
-Por que é plágio? -O olhar de Vinka parecia inocente.
-Porque este é o título de meu livro, do que eu escrevi.
-Que linda coincidência! De que trata o seu?
-Bom, do meu encontro com Ami. Da minha avó...
-O meu também relata meu encontro com Ami, mas não tenho nenhuma avó. Fui a Devashtán, um mundo civilizado. Visitei Rukna, Filus e um mundo cor...
-Silêncio! -ordenou Ami, ao escutar um som agudo proveniente dos controles. Uma luz vermelha brilhava.
-Alarme vermelho. Magnífico!
Vinka se assustou.
-Como pode ser magnífico o toque de um alarme vermelho? O que significa?
-Que um movimento sísmico se aproxima. Que grande oportunidade!
-Um terremoto? -perguntei, com inquietação.
-Sim, na Terra. Mas o reduzimos a um tremor. Vamos, quero que vejam isso. Voltaremos para a Terra e veremos os trabalhos de proteção. Depois, iremos para Kia.
-Quer dizer que vocês podem evitar terremotos? -perguntei, com uma grande curiosidade.
-Somente algumas vezes. Você já vai ver. Muitas naves da Fraternidade dedicam-se a esse tipo de trabalho de proteção.
-Qual Fraternidade?
-A Fraternidade dos mundos civilizados -respondeu Ami, trabalhando nos controles do comando.
Cocei a cabeça.
-Isto está se complicando. -Vinka estava de acordo.
-É natural. Esta segunda viagem é um outro curso para vocês. É mais avançado, mas vamos por partes. Estávamos falando se suas respectivas missões. Vocês devem saber que sua origem não está ligada a seus planetas de nascimento. Você, Vinka, não é de Kia e você, Pedrinho, não é da Terra. -Ao dizer isso, acomodou-se melhor para divertir-se à custa de nossas caras.
-Isso não é possível -protesou Vinka-. Eu nasci em Kia. Tenho minha certidão de nascimento. Minha tia Clorka disse que trocava minhas fraldas...
-Eu nasci na Terra. Minha avó...
Ami nos interrompeu sorridente.
-É verdade. Nasceram nesses mundos, mas não são oriundos deles...
-Não se pode entender isso -argumentei-. Se alguém nasce num lugar, é originário dali...
-Não necessariamente. Vocês nasceram em mundos incivilizados, mas suas almas são provenientes dos mundos da Fraternidade. Vocês unicamente cumprem uma missão nesses planetas incivilizados...

Capítulo 6
A Missão

Quando nos recuperamos de nossa surpresa, Ami se dispôs a explicar-nos muitas coisas.
-Em breve, nos seus planetas, acontecrão coisas bastante desagradáveis...
-Que coisas, Ami?
-Muitas mudanças geológicas, meteorológicas, biológicas, cataclismos, pestes... milhões de pessoas contrairão novas enfermidades que não vão afetar as que mantiverem certa pureza interior...
-Por que motivo vai acontecer tudo isso? -perguntou Vinka, com os olhos bem abertos.
-Por duas razões. A primeira é porque a ciência foi utilizada de forma destrutiva e isso está produzindo graves desequilíbrios; também, por causa das vibrações mentais negativas que os seres humanos irradiam e que se acumulam perigosamente, formando uma capa de energias psíquicas ao redor dos seus mundos. Tudo isso está afetando muito esses dois seres viventes que são a Terra e Kia. A segunda razão não tem a ver com a participação humana: refere-se ao desenvolvimento evolutivo natural de seus planetas.
O interesse de Vinka foi diminuindo.
-E de qual mundo civilizado eu venho, Ami?
-Vamos por partes. Estou respondendo a sua primeira pergunta. Esse processo, que deveria ser natural, foi acelerado prematuramente pelas más ações, sentimentos e pensamentos humanos. As mudanças, que deveriam ser suaves, serão violentas, destrutivas, a menos que as pessoas comecem a viver de acordo com a harmonia universal. Ainda se pode fazer muito para diminuir as perdas de vidas ou a perda total...
-O fim do mundo?
-Ou o começo. Depende de vocês mesmos. Se não superarem essa prova final, se não mudarem, será o fim. Se conseguirem unir-se e começarem a viver como Deus manda, será o começo de um verdadeiro paraiso.

-Para vocês, não custaria nada nos ajudar a evitar a destruição... -disse Vinka, em tom de reprovação. Ami, alegre como sempre, respondeu:
-Já lhes expliquei por que não podemos interferir em massa e de uma forma aberta: uma Lei Universal nos impede e devemos respeitá-la. Vocês gostariam que um aluno mais adiantado fizesse por vocês as provas no colégio?
Aquilo me entusiasmou.
-Seria fantástico! Não teria que estudar nada. Tiraria boas notas e...
-Isso seria enganar. -O gesto de Vinka foi repreendedor. Ami não prestou muita atenção.
-Além disso, se você conseguisse passar ao ano seguinte, não iria compreender nada. Você seria um estorvo para seus colegas e para o colégio todo... Por outro lado, você perderia o legítimo orgulho de ter conseguido transpor mais um degrau graças ao seu próprio esforço.
-Você tem razão, Ami -disse eu, envergonhado.
Vinka também compreendeu.
-É verdade. Seria ruim, se vocês fizessem tudo por nós.
-E, também, seria ruim se não fizéssemos nada. Se uma criança corre para um precipício, devemos protegê-la. Talvez não nos seja permitido segurá-la, mas podemos adverti-la de que está no caminho errado. Essa é justamente a missão que vocês desempenham.
-Não compreendo muito bem... -disse.
-Eu sim -manifestou Vinka.
Então explique-me, por favor.
-Encarnamos em mundos incivilizados para tentar evitar destruição.
-Perfeito! -exclamou Ami-. Como você soube, Vinka?
-Não sei...
-É o sentido do qual lhes falei. Existem coisas que se pessentem. Dois ou três dados são suficientes e o resto fica claro.
Vinka voltou a perguntar:
-Então, de que mundo eu venho?
-Isso não importa muito. De nada serve voltar ao passado. A maravilha está no presente.
-Mas eu gostaria muito de visitar meu planeta de origem, meu verdadeiro lar...
-Quando o amor nos revela o sentido da existência, todo o universo é nosso lar e todos os seres são nossos irmãos -disse Ami-. Vocês fazem parte de uma missão de paz que vai servir de apoio e conexão na tarefa de transformar, de civilizar, de humanizar seus mundos. Fazer com que deixem de ser erenas de guerra, competição, injustiça e divisão, dando lugar à paz, à fraternidade, à alegria e ao amor, como o resto do universo civilizado.
Uma sombra obscureceu o olhar de Vinka.
-Quando me lembro dos térri, parece-me que em Kia isso será impossível.
-Quem são os térri? -prgunrei.
-No mundo de Vinka -explicou Ami- existem duas espécies humanas. Uma é a dos swama. Ela pertence a esta. A outra é a dos térri. Eles estão divididos em dois bandos que vivem em guerra constante: os térri wacos, contra os térri zumbos. Os térri são seres humanos muito belicosos...
-Não são humanos! -protestou Vinka, visivelmente alterada- São símios! São macacos intelectuais!
-Macacos intelectuais? -não compreendi-. Como pode um macaco ser intelectual?
-Eles têm muita inteligência e astúcia, mas não têm bondade. São criminosos, mentirosos, cínicos, desonestos, imorais, materialistas e tiranos. -Vinka estava realmente zangada. Ao escutá-la, Ami deu uma rizada e disse:
-Que beleza de gente, hem? Mas você faz mal em falar assim dos seus irmãos. Você deveria compreender em vez de julgar. Nem todos os térri são como você diz. Alguns têm mais de "setecentas medidas".
Ami estava se referindo ao nível de evolução. Ele tinha um aparelho com uma tela, capaz de ver o grau de luz espiritual de qualquer pessoa ou animal. Ele o chamava "sensômetro". Disse que era suficiente ter "setecentas medidas" para ser resgatado pelos extraterrestres no caso de produzir-se um desastre irremediável. Com "setecentas medidas" uma pessoa já é boa o suficiente para merecer viver em um mundo civilizado.
Daquela vez ele não quis me dizer quantas "medidas" eu tinha, porque se minha evolução fosse pouca, eu poderia me desmoralizar; se fosse alta, poderia envaidecer-me e, se uma pessoa fica vaidosa, o ego cresce e suas "medidas" baixam.
Não me interessou muito o assunto dos térri. Quis saber a respeito de minhas "medidas". Tentei tirar-lhe alguma informação a respeito.
-Então, Vinka e eu devemos ter uma quantidade fabulosa de "medidas"...
-Por que, Pedrinho?
-Porque somos provenientes de mundos civilizados...
-Já lhe disse que muitas pessoas de seu mundo têm mais "medidas" do que eu. A diferença consiste em que elas não sabem o que eu sei. Não foram educadas em ambientes favoráveis, com informação adequada, mas suas almas têm em muitos casos, níveis muito altos e não são originárias, necessariamente, de mundos civilizados. Os missionários como vocês, durante suas vidas anteriores, cometeram alguns erros, algumas faltas contra o amor. Como estes erros deveriam ser pagos com servoço, puderam escolher o tipo de tarefa que deveriam realizar para purificar-se. Vocês também escolheram livremente as funções que executam hoje.
-Que erro eu cometi? -perguntamos ao mesmo tempo.
-Isso já não importa. Nunca devemos voltar aos erros do passado, sejam os próprios ou os alheios. Se vocês assumirem o compromisso que firmaram, ficarão limpos e brilhantes. Depois poderão retornar a um mundo fraternal e bom, quando tiverem terminado a missão.
-No meu planeta não existe os térri -disse eu-, mas também acho que este é um trabalho quase impossível. Como poderemos fazer algo?
-Não será tão impossível como parece. Em primeiro lugar, os próprios acontecimentos ajudarão, porque muitas pessoas compreenderão que precisam transformar-se. Em segundo lugar, as pessoas que desejam uma grande mudança positiva constituem a imensa maioria, só precisam de orientação. Em terceiro lugar, estão os missionários como vocês... são vários milhões.
-Vários milhões!
-Uma verdadeira "invasão extraterrestre", mas com fins pacíficos. Estão em todos os lugares, em todos os trabalhos, em todas as empresas; dentro dos jornais, no rádio, televisão, empregos públicos... em cada lugar existe pelo menos um.
-É incrível! -exclamamos-. Nós não conhecemos nenhum. Como podemos reconhecê-los?
-Por suas ações. Os missionários sempre estão em lugares onde prestam serviços.
-Existe alguma forma de reconhecê-los fisicamente?
-Nenhuma. Somente pelo resultado de suas ações. Cada um fala através de seus atos.
-Mas... se há tantos seres de planos superioresajudando, como fica a lei que proíbe a interferência nos mundos incivilizados?
-Existe uma medida que é permitida. Por outro lado, vocês não se lembram da informação que tinham antes, pelo menos, não conscientemente.
Pensando em tudo isso, parecia-me impossível que eu tivesse vindo de um mundo melhor que a Terra.
-Ami, você disse que eu venho de um mundo civilizado, mas eu reconheço que tenho muitos defeitos. As pessoas que vi em Ofir eram muito superiores a mim...
-Bem, é que você tem um defeito tão feio como uma mambacha -riu-. Além disso, o meio ambiente incivilizado deformou-o mais ainda. Mas com um trabalho desinteressado, você vai recuperar e superar o seu nível anterior. Pouco a pouco, irá afastando-se do seu lobo interior.
-O que é um lobo? -perguntou Vinka.
-É um animal parecido a um chug, mas tem pêlos em vez de plumas -respondeu Ami.
Idiotamente ocorreu-me a idéia de perguntar:
-O que é um chug?
-É um animal parecido ao lobo, mas tem plumas em vez de pêlos -respondeu Ami, dando gargalhadas.


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C.R.A - http://a-casa-real-de-avyon.blogspot.com/


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