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((((* "O QUE VEM SEMPRE ESTEVE AQUI, A PAZ ESTA DENTRO DE TI E SO VOCE PODE TOCALA, SER A PAZ SHANTINILAYA, NADA EXTERNO LHE MOSTRARA O QUE TU ES. NADA MORRE POR QUE NADA NASCEU, NADA SE DESLOCA PORQUE NADA PODE SE DESLOCAR VOCE SEMPRE ESTEVE NO CENTRO, NUNCA SE MOVEU , O SILÊNCIO DO MENTAL PERMITE QUE VOCÊ OUÇA TODAS AS RESPOSTAS" *)))): "ESSÊNCIAIS" "COLETÃNEAS " "HIERARQUIA" "PROTOCÓLOS" "VÍDEOS" "SUPER UNIVERSOS" "A ORIGEM" "SÉRIES" .

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

AMI, O MENINO DAS ESTRELAS - CAPÍTULOS 2 e 3

ami - o menino das estrelas parte 2 e 3

Criei uma nova seção aqui no blog para compartilhar "ESSENCIAIS" . Alguns como o exemplo do texto abaixo, Ami o Menino das Estrelas, indicados por mim, e outros por autores que me enviaram e disponibilizaram o seu trabalho para compartilhar com o desenvolvimento dos leitores.



Capítulo 2 - Pedrinho voador

- Venha, fique na minha casa – ofereci, pois já era tarde.
- Melhor não incluirmos adultos na nossa amizade – disse, franzindo o nariz enquanto sorria.
- Mas eu tenho que ir...
- Sua avó dorme profundamente, não vai sentir sua falta se a qente conversar um pouco.
De novo senti surpresa e admiração. Como é que ele sabia da minha avó?... Lembrei que ele era um extraterrestre.
- Você pode ver a vovó?
- Da minha nave vi que ela já estava quase dormindo – respondeu com malícia. Depois, exclamou entusiasmado:
- Vamos passear pela praia! Levantou-se e deu um salto, correu até a beira da pedra que era altíssima e se lançou à areia.
Descia lentamente, planando como uma gaivota!
Lembrei que não devia surpeender-me demais por nada que viesse daquele alegre menino das estrelas.
Desci da pedra como pudi, com muito cuidado.
- Como você faz? – perguntei, referindo-me a seu incrível planar.
- Sinto-me como uma ave – respondeu, e saiu correndo alegremente entre o mar e a areia, sem ter motivo especial para fazer isso. Teria gostado de poder atuar como ele, mas não podia.
- Claro que pode!
Outra vez tinha captado meu pensamento. Vei até mim tentando me animar e disse: Vamos correr e saltar como pássaros! Então me deu a mão e senti uma grande energia. Começamos a correr pela praia.
- Agora... vamos saltar!
Ele conseguia se elevar muito mais do que eu e me impulsava para cima com sua mão. Parecia que se suspendia no ar por instantes. Continuávamos correndo e de trecho em trecho saltávamos.
- Somos aves, somos aves! – embriagava-me e animava. Pouco a pouco fui deixando meu pensamento habitual, fui me transformando, já não era o mesmo menino de todos os dias. Animado pelo extraterrestre fui decidindo ser leve, como uma pluma, estava pouco a pouco aceitando a ser uma ave.
- Agora... pule!
Realmente, começávamos a nos manter no ar durante alguns instantes. Caíamos suavemente e continuávamos correndo, para depois novamente elevar-nos. Cada vez era melhor, isso me surpreendia...
- Não se surpreenda... você pode... agora!
Em cada tentativa era mais fácil conseguir. Corríamos e saltávamos como em câmara lenta, pela beira da praia, numa noite de lua e cheia de estrelas... Parecia outra maneira de existir, outro mundo.
- Com amor pelo vôo! – animáva-me. Um pouco mais adiante soltou minha mão.
- Você pode, claro que pode! – olhava-me, transmitindo-me confiança enquanto corria ao meu lado.
- Agora! – elevámo-nos lentamente, mantímhamo-nos no ar e começávamos a cair como se planássemos, com os braços abertos.
- Bravo, bravo! – felicitáva-me.
Não sei quanto tempo brincamos nessa noite. Para mim foi como um sonho.
Quando me cansei, joguei-me na areia, ofegante e rindo feliz. Tinha sido fabuloso, uma experiência inesquecível.
Não disse nada a ele, mas por dentro agradeci ao meu estranho amiguinho por ter me permitido realizar coisas que eu pensava fossem impossíveis. Ainda não sabia todas as surpresas que me esperavam naquela noite...
As luzes de um balneáreo brilhavam do outro lado da baía. Meu amigo contemplava com deleite os movediços reflexos sobre as águas noturnas, extasiado, deitado na areia banhada pela claridadeda lua, depois enchia-se de júbilo olhando a lua cheia.
- Que maravilha... ela não cai! – ria- Este seu planeta é muito lindo!
Nunca tinha pensado nisso, mas agora, ao ouvi-lo... sim, era lindo ter estrelas, mar, praia e uma lua tão bonita ali pendurada... e além do mais, não caia...
- O seu planeta não é bonito? – perguntei. Suspirou profundamente olhando para um ponto do céu, a nossa direita.
- Oh, sim, também é, mas todos nós sabemos isso... e cuidamos dele...
Lembrei que ele tinha insinuado que os terrícolas não são muito bons. Pensei que tinha compreendido umas das razões: nós não valorizamos nem cuidamos do nosso planeta; eles sim, preocupam-se com o deles; eles sim cuidam do deles.
- Como você se chama?
Achou engraçada minha pergunta.
- Não posso lhe dizer.
- Por que... é um segredo?
- Que nada; não existem segredos! Somente que não existem em seu idioma esses sons.
- Que sons?
- Os do meu nome.
Isso me surpreendeu, porque eu tinha pensado que ele falava meu idioma, apenas com outro sotaque.
- Então, como você aprendeu a falar a minha língua?
Nem a falo, nem a compreendo... Somente tenho isto – respondeu, divertido, enquanto pegava um aparelho do seu cinto.
Isto é um “tradutor”. Esta caixinha explora o seu cérebro na velocidade da luz e me transmite o que você quer dizer, assim eu posso compreender, e quando vou dizer alguma coisa ela me faz mover os lábios e a língua como você o faria... bom... quase como você. Nada é perfeito.
Guardou o “tradutor” e ficou contemplando o mar, enquanto segurava os joelhos, sentado na areia.
- Então, como posso chamá-lo? – perguntei.
- Você pode me chamar “Amigo”, porque é isso o que eu sou: um amigo de todos.
- Vou chama-lo “Ami”. É mais curto e parece um nome. – ele gostou do seu apelido novo.
- É perfeito, Pedrinho! – demos um aperto de mãos. Senti que selava uma nova e grande amizade. E assim seria...
- Como se chama o seu planeta?
- Puf!... também não dá. Não existe equivalência dos sons, mas está por ali, apontou sorrindo para umas estrelas.
Enquanto Ami observava o céu, eu fiquei pensando nos filmes de invasores extraterrestres que tinha visto tantas vezes pela televisão.
- Quando vão nos invadir?
Achou engraçada a minha pergunta.
- Por que você pensa que nós vamos invadir a Terra?
- Nõ sei... nos filmes, todos os extraterrestres invadem a Terra... ou quase todos...
Desta vez sua risada foi tão alegre que me contagiou. Depois tentei me justificar:
- ... É que na televisão...
- Claro, a televisão!... Vamos ver uma de invasores – disse, entusiasmado, enquanto da fivela de seu cinto tirava outro aparelho. Apertou um botão e apareceu uma tela acesa. Era uma pequena televisão em cores, sumamente nítida. Mudava os canais rapidamente. O mais surpreendente era que nessa região só se podiam sintonizar dois canai, mas no aparelho ia aparecendo uma infinidade: filmes, programas ao vivo, noticiários, comerciais, tudo em diferentes idiomas e por pessoas de diversas nacionalidades.
- Os de invasores são ridículos – dizia Ami.
- Quantos canais você pode sintonizar aí?
- Todos os que estão transmitindo neste momento no seu planeta... Este aparelho recebe os sinais que os nossos satélitas captam e os amplifica. Aqui tem um, na Austrália, veja!
Apareciam uns seres com cabeça de polvo e um montão de olhos saltados cheios de veias vermelhas. Disparavam raios verdes contra uma multidão de aterrorizados seres humanos. Meu amigo parecia divertir-se com esse filme.
- Que barbaridade! Você não acha cômico, Pedrinho?
- Não, por quê?
- Porque esses monstros não existem. Somente nas monstruosas imaginações dos que inventão esses filmes...
Não me convenceu. Tinha estado anos vendo todo tipo de seres espaciais perversos e espantosos, impossíveis de serem apagados de uma vez.
- Mas se aqui mesmo na Terra tem iguanas, crocodilos, polvos, por que não vão existir em outros mundos?
- Ah, isso. Claro que tem, mas não constroem pistolas de raios, são como os daqui: animais. Não são inteligentes.
- Mas talvez existam mundos com seres inteligentes e malvados...
- “Inteligentes e malvados”! – Ami dava risada – Isso é como dizer bons-maus.
Eu não conseguia compreender. E esses cientistas loucos e perversos que inventam armas para destruir o mundo, contra os quais Batman e Superman lutam? Ami captou meu pensamento e explicou rindo:
- Esses não são inteligentes; são loucos.
- Bom, então é possível que exista um mundo de cientistas loucos que poderiam nos destruir...
- Além dos daqui da Terra, impossível...
- Por quê?
- Porque se são loucos, destroem-se a si mesmos primeiro. Não conseguem obter o nível científico necessário para poder abandonar seus planetas e partir para invadir outros mundos. É mais fácil construir bombas do que naves intergaláticas, e se uma civilizasão não tem bondade e alcança um alto nível científico, mais cedo ou mais tarde vai utilizar seu poder científico contra si mesma, muito antes de poder partir para outros mundos.
- Mas em algum planeta poderiam sobreviver, por casualidade...
- Casualidade? No meu idioma não existe essa palavra. Que significa casualidade?
Tive que dar vários exemplos para que ele compreendesse. Quando consegui, ele achou engraçado. Disse que tudo está relacionado, mas que nós não compreendemos a lei que une todas as coisas, ou não a queremos ver.
- É que se são tantos os milhões de mundos, como você diz, poderiam sobreviver alguns malvados sem se destruir. Eu continuava pensando na possibilidade de invasores. Ami tentou fazer-me entender:
- Imagine que muitas pessoas têm que pegar uma barra de ferro quente, uma a uma, com as mãos nuas. Qual é a possibilidade de que alguma não se queime?
- Nenhuma; todas se queimam – respondi.
- É assim mesmo, todos os malvados se autodestroem se não conseguem superar sua maldade. Ninguém escapa da lei que rege esse assunto.
- Que lei?
- Quando o nível científico de um mundo supera em muito o nível de amor, esse mundo se autodestrói...
- Nível de amor?
Podia entender com clareza o que é o nível científico de um planeta, mas não compreendia o que era o “nível de amor”.
- A coisa mais simples é, para alguns, a mais difícil de compreender... o amor é uma força, uma vibração, uma energia cujos efeitos podem ser medidos por nossos instrumentos. Se o nível de amor de um mundo é baixo, existe infelicidade coletiva, ódio, violência, separatismo, guerras e... com um nível perigosamente alto de capacidade destrutiva... compreende-me, Pedrinho?
- Em geral, não. O que você quer dizer?
- DEVO lhe dizer muitas coisas, mas vamos aos poucos. Comecemos por suas dúvidas.
Ainda não podia acreditar que não existissem monstros invasores. Contei-lhe um filme no qual “extraterrestres lagartos” dominavão muitos planetas porque estavam muito bem organizados. Ele disse:
- Sem amor não pode existir uma organização duradoura. Nesse caso é preciso obrigar, forçar. Ao final, aparece a rebeldia, a divisão e a destruição.

Capítulo 3 - Não se preocupe

- Que símbolo é esse que você usa no peito? -perguntei.
- É o emblema do meu trabalho -respondeu, enquanto apontava para cima- Sabe? aqui "pertinho", num planeta de Sírio, existem praias cor violeta... são esplêndidas. Se você visse o que é um entardecer com esses dois sóis gigantes...
- Você viaja na velocidade da luz?
Minha pergunta pareceu cômica.
- Se eu viajasse tão "devagar" teria ficado velho antes de chegar aqui.
- Com que velocidade você viaja, então?
- Em geral nós não "viajamos"; mais exatamente nos "situamos", mas de uma ponta a outra da galáxia demoraria... -pegou sua calculadora do cinto e fez umas contas- usando suas medidas de tempo... hummmm... uma hora e meia, e de uma galáxia a outra demoraria várias horas.
- Que bárbaro! Como você consegue?
- Você pode explicar para um nenen porque dois mais dois são quatro?
- Não -respondi- nem eu mesmo sei.
- Eu também não posso lhe explicar algumas coisas relacionadas com a contração e a curvatura do espaço-tempo... nem precisa... Veja como deslizam essas aves pela areia, como se patinassem... que maravilha!
Ami estava contemplando umas avesque corriam em grupo pela praia, colhendo algum alimento que as ondas depositavam na areia. Lembrei que era tarde.
- Tenho que ir embora... minha vovó...
- Ainda está dormindo.
- Estou preocupado.
- Preocupado? Que bobagem.
- Por quê?
- "Pré" significa "antes de". Eu não me "pré-ocupo"; ocupo-me.
- Não o entendi, Ami.
- Não passe a vida imaginando problemas que não aconteceram nem vão acontecer. Desfrute o presente. A vida é curta. Quando aparece um problema real, então você se "ocupa" dele. Você acharia correto que nós estivéssemos preocupados imaginando que podia aparecer uma onda gigante e nos devorar? Seria uma bobagem não desfrutar este momento, nesta noite tão linda... observe essas aves que correm sem preocupação... por que perder este momento por algo que não existe?
- Mas a minha vovó existe...
- Claro, mas não existe nenhum problema com isto... E este momento, não existe?
- Estou preocupado...
- Ah terrícola, terrícola... Está bem, vamos ver a sua vovó.
Pegou seu aparelho de televisão e começou a sintonizar. Na tela apareceu o caminho que leva até a minha casa. A "câmara" ia avançando entre as árvores e as pedras do caminho. Aparecia tudo em cores e iluminado como se fosse dia. Penetramos através de uma janéla da casa, apareceu a vovó dormindo profundamente na sua cama, dava até para escutar sua respiração. Aquele aparelho era incrível!
- Dorme como um anjinho -comentou Ami, rindo.
- Não é um filme?
- Não. É "ao vivo e direto"... vamos até a copa.
A "câmara" atravessou a parede do dormitório e apareceu na copa. Ali estava a mesa, com sua toalha de quadrados grandes, e no meu lugar havia um prato coberto por outro, virado.
- Isto se parece ao meu "ovni"! -brincou Ami- Vamos ver o que você tem para jantar -mexeu alguma coisa no aparelho e o prato de cima ficou transparente como vidro. Apareceu um pedaço de carne assada, com batata frita e salada de tomate.
- Ui! -exclamou Ami, com nojo- como vocês conseguem comer cadáver...
- Cadáver?
Cadáver de vaca... vaca morta. Um pedaço de vaca morta.
- Assim como ele descrevia, eu também senti nojo.
- Como funciona esse aparelho, onde está a câmara? -perguntei, bastante intrigado.
- Não necessita câmara. Este aparelho focaliza, capta, filtra, seleciona, amplia e projeta... simples, não?
Parecia que ele estava caçoando de mim.
- Por que se vê de dia, se é de noite?
- Existem outras "luzes" que seu olho não pode ver e que este aparelho pode captar.
- Que complicado!
- Nada disso. Eu mesmo fiz este cacareco...
- Você mesmo!
- É muitíssimo antigo, mas eu sinto carinho por ele. É uma lembrança, um trabalho da escola primária...
- Vocês são uns gênios!
- Claro que não. Você sabe multiplicar?
- Claro -respondi.
- Então você é um gênio... para quem não sabe multiplicar. Tudo é uma questão de níveis. Um rádio transistorizado é um milagre para os índios das selvas.
- É verdade. Você acha que algum dia vamos poder ter aqui na Terra invenções como a sua?
Ele ficou sério pela primeira vez. Olhou-me, e seu olhar denotava certa tristeza.
- Não sei.
- Como é que você não sabe; você sabe tudo!
- Tudo não. O futuro ninguem conhece... felizmente.
- Por que você diz "felizmente"?
- Imagine, a vida não teria nenhum sentido se a gente conhecesse o futuro. Você gosta de saber de antemão o final de um filme que está vendo?
- Não. Irrita-me -respondi.
- Gosta de ouvir uma piada que já conhece?
- Também não. É chatíssimo.
- Gostaria de saber que presente você vai receber no seu aniversário?
- Isso ainda menos.
Seu modo de ensinar era ameno, com exemplos claros.
- A vida perderia todo o seu sentido se a gente conhecesse o futuro. Só podemos calcular as possibilidades.
- Como é isso?
- Por exemplo, calcular as possibilidades ou probabilidades que a Terra tem de se salvar...
- Salvar-se, salvar-se de que?
- Como de quê!... Você não ouviu falar da contaminação das guerras, das bombas?
- Ah, sim! Você quer dizer que aqui também estamos correndo perigo, como nos mundos dos malvados?
- Existem muitas possibilidades. A relação entre a ciência e o amor está terrivelmente inclinada para o lado da ciência; milhões de civilizações como esta se autodestruíram. É um ponto de mudança... perigoso.
Assustei-me. Nunca tinha pensado seriamente na possibilidade de uma terceira guerra mundial ou de uma catástrofe. Fiquei um bom tempo meditando. De repente, tive uma idéia maravilhosa:
- Façam alguma coisa!
- Alguma coisa como quê?
- Não sei... aterrizar mil naves e dizer aos presidentes que não façam a guerra... alguma coisa assim -Ami riu.
- Se fizéssemos algo assim, a primeira coisa que conseguiríamos seriam milhões de infartos cardíacos, por culpa justamente desses filmes de invasores, e nós não somos desumanos, não podemos provocar algo assim. Em segundo lugar, se disséssemos, por exemplo: transformem suas armas em instrumentos de trabalho, vocês pensariam ser uma estratégia extraterrestre para os debilitar e depois dominar o planeta. Terceiro, vamos supor que cheguem a compreender que somos inofensívos, também não abandonariam as armas.
- Por quê?
- Porque teriam medo dos outros países. Quem vai se desarmar primeiro? Nenhum.
- Mas eles devem ter confiança...
- As crianças podem ter confiança, os adultos não... e menos ainda os presidentes, e com razão, porque alguns sentem vontade de dominar tudo o que podem...
Eu estava realmente nervoso.Comecei a procurar uma solução para evitar a guerra e a possível destruição da humanidade. Pensei que os extraterrestres poderiam tomar o poder pela força na Terra, destruir as bombas e nos obrigar a viver em paz. Disse isso a ele. Quando parou de rir, afirmou que eu não conseguia deixar de ser terrícola ao pensar.
- Por quê?
- "Pela força, destruir, obrigar", tudo isso é terrícola, incivilizado, violência. A liberdade humana é algo sagrado, tanto a nossa como a alheia. "Obrigar" não existe em nossos mundos; cada pessoa é valiosa e respeitada. "Pela força e destruição" é violência, o que vem de "violar"; violar a Lei do universo...
- Então vocês não fazem a guerra? -Ainda não tinha terminado de fazer esta pergunta quando me senti estúpido por tê-la feito.
Olhou-me com carinho e colocando a mão no meu ombro, disse:
- Nós não fazemos a guerra, porque acreditamos em Deus.
Sua resposta surpreendeu-me muito. Eu também acreditava em Deus, mas ultimamente estava pensando que somente os padres do meu colégio acreditavam Nele, e também as pessoas com pouca cultura, porque tenho um tio que é físico nuclear da Universidade e ele diz que "a inteligência matou Deus".
- Seu tio ‚ um tolo -afirmou Ami, depois de ler meus pensamentos.
- Não acho; ele é considerado um dos homens mais inteligêntes do meu país.
- É um tolo -Ami insistia- a maçã pode matar a macieira? A onda pode matar o mar?...
- Pensei que...
- Enganou-se. Deus existe.
Fiquei pensando em Deus, um pouco arrependido por ter duvidado da sua existência.
- Ei, tira essa barba e essa túnica!
Ami ria, porque tinha visto minhas imagens mentais de Deus.
- Então... não tem barba, Deus raspa a barba?
Meu amigo espacial se divertia com minha confusão.
- Esse é um deus terrestre demais -comentou.
- Por quê?
- Porque tem a aparência de um terrestre.
O que ele estava querendo me dizer? Que os extraterrestres não têm aparência humana?
- Mas, como?... Você disse que os seres humanos de outros planetas não têm forma estranha ou monstruosa, apesar disso, você mesmo parece um terrestre...
Ami, rindo, pegou um graveto e desenhou uma figura humana na areia.
- O modelo humano é universal: cabeça, tronco e membros, mas existem pequenas variações em cada mundo: altura, cor da pele, forma das orelhas; pequenas diferenças. Sou parecido a um terrestre porque as pessoas do meu planeta são iguais às crianças da Terra, mas Deus não tem forma de homem. Venha, vamos passear.
Começamos a andar pelo caminho que vai ao povoado. Colocou seu braço no meu ombro e senti nele o irmão que nunca tive.
De longe se escutavam algumas aves noturnas a grasnar. Ami parecia deleitar-se com esses sons; inspirou o ar marítimo e disse:
- Deus não tem aparência humana -seu rosto brilhava na noite ao falar do Criador- não tem forma alguma, não é uma pessoa como você ou como eu. É um Ser infinito, pura energia criadora... puro amor...
- Ah!
Ele dizia isso de uma maneira tão bela, que conseguia que eu me emocionasse.
- Por isso, o universo é lindo e bom... É maravilhoso.
Pensei nos habitantes desses mundos primitivos que ele tinha mencionado, e também nas pessoas malvadas deste mesmo planeta.
- E os maus?
- Eles chegarão a ser bons algum dia...
- Era melhor se eles tivessem nascido bons logo do começo, assim não haveria nada ruim em nenhum lugar.
- Se não se conhecesse o mal, como se poderia desfrutar o bem, como se poderia dar-lhe valor? -perguntou Ami.
- Não entendo direito.
- Você não acha maravilhoso poder olhar, ver?
- Não sei. Nunca tinha pensado nisso... acho que sim.
- Se você tivesse nascido cego e de repente adquirisse a visão, então você acharia maravilhoso poder ver...
- Ah, sim!
- Aqueles que viveram existências difíceis, violentas, quando conseguem atingir uma vida mais humana a valorizam como ninguém... Se nunca existisse noite, não poderíamos desfrutar o amanhecer...
- Íamos caminhando pela ruazinha iluminada pela lua e ladeada de árvores. Passamos pela frente da minha casa, entrei silenciosamente para pegar um suéter e voltei ao lado de Ami. Continuamos caminhando e conversando. Ele contemplava tudo enquanto falava. Ainda não apareciam as primeiras ruas do povoado nem as luzes dos postes da cidadezinha.
- Você percebe o que está fazendo? -perguntou-me de surpresa.
- Não... o quê?
- Você está caminhando, você pode caminhar...
- Ah, sim; claro... o que tem isso de extraordinário?
- Existem pessoas que ficaram paralíticas, e depois de meses ou anos de exercícios conseguiram voltar a caminhar; para elas sim, é extraordinário poder caminhar, agradecem e desfrutam isso; no entanto, você caminha sem perceber, sem encontrar nada de especial nisso...
- Tem razão, Ami. Você me diz muitas coisas novas...


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